Icó é uma cidade brasileira localizada no estado do Ceará. A origem do nome "Icó" pode ser uma alusão a uma palavra da língua tapuia, onde i (água) + kó (roça), tornando "água ou rio da roça"; uma das tribos que habitavam às margens do rio Salgado, denominada ikó; ou uma planta que poderia ter existido em abundância na região, o icozeiro1.
A colonização das terras de Icó data do final do século XVII e início do século XVIII. Os primeiros colonizadores da cidade eram conhecidos como "os homens do (Rio) São Francisco", que faziam parte de uma das frentes de ocupação do território cearense, a do "sertão-de-dentro", dominada pelos baianos2. A cidade teve início a partir da construção da capela de Nossa Senhora da Expectação, cujo patrimônio foi doado por Francisco Montes Silva em 17093.
No início do século XVIII, as tribos indígenas que habitavam a região se opuseram tenazmente ao elemento colonizador. Entre as serras do Pereiro e os vastos sertões do Cedro, o capitão-mor Gabriel da Silva Lago fez erguer uma paliçada para defender os moradores da ribeira do rio Salgado, surgindo ali o arraial Novo, hoje cidade de Icó. Após lutas sangrentas entre sesmeiros, colonizadores e indígenas, o Padre João de Matos Serra, prefeito das Missões, obteve pacificação2.
Assim como em outras regiões do Brasil, o movimento abolicionista no Ceará se inicia na segunda metade do século XIX, tendo a sua mais atuante sociedade abolicionista sido fundada em 1880, a Sociedade Cearense Libertadora. Junto com as ações da Sociedade Libertadora, que congregava principalmente a elite econômica e intelectual, o pioneirismo cearense foi possível graças, sobretudo, à coragem de um homem de origem humilde, pardo, jangadeiro e abolicionista: Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar ou Chico da Matilde4.
Evidentemente, outros nomes desempenharam um papel de destaque nesta luta, ao esconder escravizados, comprar alforrias. Por isso, fazemos memória também aos cearenses Antônio José Napoleão, Preta Simoa e Negra Esperança4.
Aqueles princípios abolicionistas levaram muitos cearenses a fundarem, em 08 de dezembro de 1880, a Sociedade Cearense Libertadora como forma de unir forças para o movimento que tinha por objetivo a abolição da escravatura. A referida Sociedade criou o seu jornal - órgão de propaganda abolicionista, denominado "O Libertador"5.
Posteriormente, foram sendo criados outros jornais: A Constituição, Pedro II e Gazeta do Norte5.
Dessa forma, as ideias abolicionistas ganhavam expressão em todo o Ceará. Formavam-se, também, associações, inclusive compostas por mulheres5.
O Icó teve participação ativa no movimento abolicionista cearense através do Comendador Antônio Pinto Nogueira Acioly e do engenheiro que construiu o teatro de Icó, Henrique Theberge - também fundador da Academia Cearense de Letras (filho do médico e historiador francês naturalizado icoense, Dr. Pedro Theberge)5.
Na tela pintada por José Irineu alusiva à sessão de instalação da redenção dos cativos da capital cearense, cujo quadro ornamenta o Palácio da Alforria, são retratadas as respectivas personalidades representativas da cidade de Icó5.
Os auspiciosos princípios abolicionistas, nos primeiros anos de 1880, coincidiam, em Icó, com as consequências da terrível seca que durou de 1877 a 1879, causando prejuízos irreconciliáveis, contribuindo para a decadência da cidade, a total dizimação dos rebanhos e a perda do poder econômico dos fazendeiros, dificultando a manutenção das senzalas5.
As alforrias seguiram sendo conquistadas paulatinamente. Em 1 de janeiro de 1883, com a presença de José do Patrocínio, os últimos 116 escravizados foram alforriados na Vila de Acarape. Este fato fez com que a Vila fosse o primeiro local a abolir a escravidão no Brasil, sendo por isso rebatizada, em 1889, como ‘‘Redenção’’. Seguiu-se, então, abolições em Pacatuba, São Francisco (Itapagé), Aracoiaba, Baturité, Aquiraz, Icó e Maranguape. Fortaleza festejou a sua data a 24 de maio de 18834.
Em 25 de março de 1884, o presidente da província, o baiano Sátiro Dias, declarou a libertação de todos os escravos do Ceará, tornando o estado o primeiro a abolir a escravidão no país, quatro anos antes da Lei Áurea4.
Como desdobramentos e memórias destes fatos históricos, Redenção, situada no Maciço de Baturité, a 55km de Fortaleza é a sede e um dos dois camping (o outro é em São Francisco do Conde, recôncavo baiano) da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB), universidade federal, inaugurada em maio de 2011, fruto da cooperação brasileira e com o objetivo de aprofundar a integração deste com os demais países de língua portuguesa, por meio da educação e da formação acadêmica4.
Além disso, 25 de março, Data Magna, é feriado estadual no Ceará em memória à abolição da escravatura4.
FONTES: IBGE; WIKIPÉDIA; CAMARA MUNICIPAL DE ICÓ; FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES; ICÓ NA REDE